sexta-feira, 22 de abril de 2011

De mulher pra mulher?

Não, definitivamente não. Tentaria até fazer o trocadilho besta "de mulher pra mulher - música", em referência à jurássica propaganda da Marisa, mas isso só se houvesse alguma relação da frase feita com a proposta do blog. E aqui a parada não é sexismo, é música mesmo. ;)

Como tudo na (minha) vida, isso aqui começou de um questionamento corriqueiro que levou a muitas outras perguntas e a nenhuma conclusão final, mas que , em compensação, me trouxe - e tem trazido - a oportunidade de ter conversas super enriquecedoras sobre o tema com amigos, artistas e transeuntes desconhecidos (!). Afinal, qual o diferencial da música feminina? E esse diferencial existe mesmo ou só sou eu que, de 10 intérpretes que ouço, percebo que 9 são mulheres?

Continuando a idéia do questionamento banal, a culpa toda foi da minha irmã que, certa vez, resolveu montar uma playlist com as músicas  preferidas dela que estavam no arquivo do PC. Resultado: ao notar que TODAS eram cantadas por mulheres (no caso, eram só DIVAS mesmo) ela resolveu nomear a pasta de "Elas Belas". Pronto. Era o que faltava pra acomodar de maneira bastante confortável uma pulga atrás da minha orelha (mas isso só depois de eu ouvir a tal da seleção que ela fez algumas zilhões de vezes, lógico): porque é que eu (e tantas outras pessoas com as quais tenho conversado sobre o assunto) tenho uma tendência tão natural a preferir músicas interpretadas por mulheres?

Diante de tudo isso, talvez quem lê (meu Deus, alguém lê???? Só agora vim me perguntar isso!) talvez se pergunte: se isso não é sexismo, o que mais pode ser? Bem, começo tentando me explicar com uma citação da Simone de Beavouir que tem simplesmente me perseguido depois que a idéia do blog surgiu: ninguém nasce mulher, torna-se mulher; trocando em miúdos, o "feminino" é construção social. Tentando fazer uma analogia meio torta, a música  não é "feminina" porque foi uma mulher que cantou, que compôs ou qualquer coisa assim - ela torna-se feminina a partir do momento em que instaura-se uma aura feminina (nem eu sei se isso existe..) na interpretação. Já viu música mais feminina do que as composições de Chico Buarque? Sim ou não, é quase um lugar-comum o fato de que ele compõe com uma "alma de mulher" (ouça lá "Tatuagem" e tire suas próprias conclusões).

Então, em suma, a idéia aqui é falar de divas de todas as épocas que andam (en)cantando por aí. Sobrando tempo e paciência, a gente pode tentar filosofar (mais?) um pouquinho sobre a idéia de música feminina - mas, como eu não sou Platão pra ser apegado a essa história de mundo das idéias, vou botar a mão na massa pra ir atrás de material musical bem sólido, quase palpável, pra colocar aqui.

Não vou  ficar aqui discutindo muito, se não o post vai ficar muito longo e cansativo (se é que já não está, mas eu tô me dando o direito egoísta de escrever pelo prazer de discursar sobre o tema, e não pra ser legível). 

Encerrando, segue-se um vídeo que, pra mim, foi quase um presente: pequena conversinha com a Roberta Sá (que eu diria ser umas das melhores cantoras jovens da atualidade brasileira), revelação do programa Fama, da Rede Globo, mas que, de tão talentosa, conseguiu desvencilhar sua imagem da idéia do reality musical. Ao final de um show aqui em Fortaleza, ela muito atenciosamente concedeu a resposta (dela) à (minha) pergunta que não quer calar: qual o diferencial da música feminina?








Extra: Divas no banner do cabeçalho: 
Adriana Calcanhoto, Aimee Mann, Alanis Morissette, Alicia Keys, Alcione, Ana Cañas, Amy Winehouse, Aretha Franklin, Bebel Gilberto, Baby Consuelo, Beth Carvalho, Beyoncé, Cássia Eller, Carla Bruni, Céu, Celine Dion, Clara Nunes, Cindy Lauper, Corinne Bailey Rae, Dalva de Oliveira, Diana Ross, Dido, Dolores O'Riordan, Edith Piaf, Elba Ramalho, Elis Regina, Elizeth Cardoso, Elza Soares, Enya, Fernanda Takai, Fiona Apple, Gal Costa, Ivone Lara, Janelle Monae, Janis Joplin, Joan Jett, Joss Stone, Lady Gaga, Lily Allen, Madonna, Madeleine Peyroux, Maria Bethânia, Maria Gadu, Maria Rita, Marie Fredriksson, Marina Lima, Marisa Monte, Maysa, Mercedes Sosa, Norah Jones, Paula Toller, Pitty, Regina Spektor, Roberta Sá, Rita Lee, Shakira, Tereza Cristina, Tina Turner, Tori Amos, Vanessa da Matta, Wanderlea, Zélia Duncan, Zizi Possi. 

7 comentários:

  1. falando de Roberta Sá, minha irmã adora ela e eu acho que é só mais um fruto do modismo musical.. quem sabe eu mude de idéia! ps.: tu devia acrescentar no teu perfil que tu trabalha aqui no DCF/UFC! =D

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  2. Modismo musical? Não acho! (ia dizer nãããão meeeeesmo, mas daí achei que ia ficar muito enfático).
    É fato que o samba de raiz/de roda está voltando a ser moda entre os jovens (GRAÇAS AO BOM DEUS, diga-se de passagem, já que geralmente o que é modismo não é bem visto como coisa de qualidade, e, no caso, o samba é pura exceção). Então, concluindo o raciocínio, talvez essa coisa toda do samba seja onda passageira, infelizmente, mas eu não diria que a carreira da Roberta seja, já que ela foi firmando os passos de maneira bem sólida na vida artística e criou uma identidade própria.

    Fruto do modismo talvez fosse se ela tivesse continuado na linha "FAMA", como nesse vídeo aqui (dá até vontade de chorar, de tão ridículo e performático que a produção da Globo tornou):http://www.youtube.com/watch?v=gNvHuHdwAqY

    e hoje ela tá assim: http://www.youtube.com/watch?v=Pa9PqJUK7NA&feature=related

    sacou a diferença? ;)

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  3. Parabéns Mãe, seu filho ta dando os primeiros post's, xD, gostei do assunto do blog,
    Jah Bless

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  4. caramba, que vídeo ridículo! (o primeiro)
    mas de fato.. devo repensar minha opinião sobre. =)

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  5. O blog Elas Belas estreia com um vídeo exclusivo da Roberta Sá. Valeu, Rosana. Isso mesmo que jornalistas da área cultural têm que fazer. Massa! Fica mais material para o acervo da música brasileira. Eu não sabia que ela tinha participado do programa FAMA, que foi, como os reality shows desse gênero que "revelam" cantores, é uma vitrine de vidro fumê. Os jurados grosseiros, até de conhecimento musical duvidoso em certos casos, a manipulação do público, sempre aquele padrão de mauricinho ou patricinha que-sempre-sonhou-em-cantar-na-TV... Que bom que Roberta percorreu outros caminhos para que o Brasil escutasse a sua voz. Ela merece esse lugar de destaque na nova geração de cantoras da MPB.

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  6. "vitrine de vidro fumê"... expressão que define bem!


    PS: é uma HONRA pra mim ter o Marco Fukuda comentando nesse blog. SÉRIO! Não sei se eu fico orgulhosa pelos elogios ou envergonhada por saber tão pouco sobre música perto de dele.

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  7. Que nada, Rosana, eu que fico feliz de ver que música está sendo levada a sério por pessoas da nossa geração. Eu comento para você ter retorno da minha parte como leitor. E fique absolutamente à vontade para comentar também no blog Cultura Ciliar. Vou retomar as postagens agora nas férias da faculdade.

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