segunda-feira, 16 de maio de 2011

"Te Amo"


"Entender não é exatamente o que se quer, depois dessa inundação". A sentença no release do escritor Mia Couto sobre o último álbum de Vanessa da Mata, "Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias", define bem a sensação que eu mesma tive após a experiência de ouvir - e de sentir - todas as canções do álbum (em especial, confesso, "Te Amo" e "As Palavras").

Desde que tinha ouvido "Te Amo"(tardiamente, janeiro de 2011), caí de paixão pela sensibilidade da letra, tão cativante na voz doce de Vanessa, e fui pesquisar na página oficial da cantora. Descobri então que o clipe da música ainda não fora divulgado pois estava sendo consumado, com a direção impecável de Wagner Moura - ou seja, ansiedade total pela divulgação! Pois bem, foi só eu respirar um pouco mais lentamente para o clipe cair na internet e eu nem me dar conta disso! A produção de "Te Amo" foi finalmente divulgada neste abril, e veio parar no blog só em maio, mas "antes tarde do que nunca" pra eu me desmanchar aqui, revelando minhas paixões.

A expectativa pra conhecer o resultado final foi grande devido ao envolvimento do nome de Wagner e também à minha predileção pela música, mas tenho que admitir que não imaginava que o resultado faria valer tanto o tempo esperado.

A estrela da cena, escolhida sabiamente por Wagner mediante indicação de Chico Acioly, é nada menos que a multi-artista Marilena Ansaldi, hoje com 76 anos, nome fundamental no estudo das artes cênicas brasileiras, e que é considerada uma das primeiras "performers" de nosso país. A artista afirmou que ficara surpresa diante do convite do diretor, já que fazia mais de três anos que se encontrava afastada da vida cênica, e também que, por ser de uma geração diferente da de Wagner Moura, nem imaginava que ele a conhecesse.

A filmagem em preto e branco e o cenário de paredes negras riscadas com poesias em giz ajudam bastante a reforçar a dramaticidade do momento. A interpretação aqui não cabe em explicações - voltemos ao raciocínio inicial de Mia Couto e nos entreguemos nas feições, movimentos e sons que constituem o vídeo, sem esperar chegar a qualquer conclusão.





Extras:

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Ressuscitando Cyndi Lauper

      Calma, gente, não é que ela tenha morrido ou qualquer coisa assim. Na verdade, não é nem que de fato ela tenha desaparecido de vez da mídia, da música ou dessas plataformas gerais da fama. O fato é que na MINHA vida (isso é um blog pessoal, não esqueça) ela não existia desde os dias em que minha mãe gritava "just wanna, justa wannaaa-aaa" desesperada nos 80's e 90's. Até que, nesse ano, alguns fatos ocorreram que me fizeram rememorá-la.


     O primeiro foi, sem dúvida, a turnê dela pelo Brasil. Em janeiro desse ano eu dei uma passada rápida pelo Recife, pro show da Amy que eu não vi (sobre isso, falem com os pops Cristiano Lemos e Larissa Andrade, eles terão mais informações pra vocês), e lá estavam sendo divulgados exaustivamente tanto o show que a Cyndi Lauper realizaria, em fevereiro, quanto o dos Backstreet Boys (pensei: "gente, é muita múmia, é muita decadência").

      Después (só muito "después" mesmo, já que isso era notícia de 2010 e eu só vim ter conhecimento nesse ano), vi aquele vídeo, bastante emocionante, aliás, do GMCLA - Gay Men's Chorus of Los Angeles cantanto "True Colors" no prédio de uma igreja Presbiteriana ("True Colors" é composição da Cyndi e também nome de uma fundação de apoio LGBT criada por ela e mantida por outros tantos famosos).

      Aí, de repente, não mais que de repente, me vem o vídeo do Arcade Fire cantando "Girls just wanna have fun" (sim, aquela música que minha mãe curtia litros enquanto me mandava fazer a lição de casa). A banda canadense de indie/alternative rock (que também tem umas musicistas incríveis, diga-se de passagem) dividiu o palco com a musa oitentista do pop em meio a um festival de Jazz (New Orleans Jazz and Heritage Festival) nesse último 6 de maio. Nada mais sincrético, não? (A qualidade do áudio não tá tão boa assim, mas sejam bonzinhos e não reclamem, tá?)

terça-feira, 3 de maio de 2011

Sem Esperanza.

Andava futucando novidades e velharias em lojas de cds quando me deparei com o álbum oficial do Grammy Awards 2011 (esse aí mesmo da capa ao lado). 
Meio que só pelo costume de dar uma olhadinha, já sabendo que não tinha muito interesse em comprar, fui conferir as faixas, que obviamente corresponderiam  a uma seleção dos vencedores das principais categorias do prêmio (peneira apertadinha, já que são 109 as categorias premiadas, embora seja comum que um artista leve o gramofone em mais de uma categoria).
O primeiro nome que me veio à memória para procurar na lista foi o de Esperanza Spalding, jazzista estadunidense que surpreendeu a todos nesta 53ª edição da premiação ao roubar o doce de uma criança ao tirar o prêmio de "artista revelação" do astro teen Justin Bieber (o qual, apesar de aclamado por milhares de adolescentes descabeladas e franjadas, saiu da premiação de mãos vazias).


Confesso que só tomara conhecimento da existência e, acima de tudo, do talento de Esperanza no ato da entrega do Grammy 2011, em fevereiro, quando fui obrigada pela minha própria consciência a ouvi-la pelos meios dos quais eu disponibilizava na hora (leia-se "youtube"). E a surpresa, confesso ainda, foi muito boa, ao vê-la tocando o seu contra-baixo monumental e cantando, num português muito simpático, diga-se de passagem,  "Ponta de Areia", composição de Milton Nascimento e Fernando Brant. Na mesma noite do Grammy, e durante boa parte do dia posterior também, enquanto eu me deslumbrava nos primeiros contatos com a jazzista, "Esperanza Spalding" era Trending Topic certeiro no Twitter, em parte devido à surpresa de quem a conheceu na premiação (ou já a conhecia e só testificou o seu talento) e, em outra parte, devido aos ataques dos fãs de Bieber na sua página na internet.

Voltando para o ponto em que comecei, enquanto procurava o nome da minha nova jazzista do coração na lista de faixas do cd, percebi que ela não estava lá. Tentei ver se havia um bônus track ou qualquer coisa assim... e nada! Como assim, Bial? Esqueceram a Esperanza ou simplesmente não acharam comercialmente interessante incluí-la nas faixas?

Ah, sim, antes que eu seja linchada ou qualquer coisa parecida: também senti falta de alguma faixa do Muse (mas, pessoalmente, não considero o prêmio faturado pela banda - "Melhor álbum Rock" - tão imponente quanto o de "Artista Revelação", logo, a sua ausência não foi sentida por mim com tanto pesar).

O curioso é que os álbuns anteriores do Grammy Awards (2010 e 2009) possuíam 20 faixas, e, o desse agora, só 19. A faixa vazia me soou quase como um minuto de silêncio pela ausência de Esperanza. Mas, vendo pelo lado bom, pelo menos não tem nenhuma faixa do Justin...



Extra: CONFIRA AS FAIXAS DO ÁLBUM OFICIAL DO GRAMMY 2011 AQUI